Teorias e Tecnologias da Cooperação
Professoras Edla Ramos  

Disciplina oferecida  pelo CPGCC/UFSC/ versão 2003/3

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O grande salto evolutivo, ocorrido na área de redes de computadores, leva a refletir sobre o seu potencial na área educativa. Daí é imediato se pensar em processos de educação à distância, a qual, oferece, a princípio, a promessa da educação a milhões de estudantes que se encontram distantes dos grandes centros urbanos, ou que tenham limitações de tempo e recursos para custeá-la. Outra possibilidade que estes recursos abriram foi a da intensificação e a criação de novas modalidades de processos cooperativos de aprendizagem e trabalho.

A educação à distância tem como característica básica o distanciamento físico entre professor e alunos. O momento do estudo se dá em casa ou nos lugares de trabalho, donde são de importância fundamental os materiais auto-instrucionais. Em geral é mantido algum tipo de comunicação regular entre professores e alunos para que a avaliação e realimentação do processo possa ocorrer.

De maneira geral, as principais vantagens que são anunciadas na adoção de programas de educação à distância, dizem respeito ao barateamento do custo da educação; à possibilidade de atender uma população diversificada, principalmente a população adulta trabalhadora; à possibilidade da individualização do processo do aprendizado, com respeito aos ritmos próprios; à garantia da manutenção da qualidade apesar da quantidade, já que o trabalho de um bom especialista passa a ser disponível a um grande número de pessoas; e, por último, ao desenvolvimento da auto-disciplina.

Mas a educação à distância traz riscos sérios, que se apresentam em contraposição às próprias vantagens anunciadas. O primeiro deles advém da magnitude desse processo. A redução de custos só se viabiliza se um grande número de pessoas for atingido pelo programa, o que exige produção dos materiais em escala industrial. Daí tem-se uma divisão do trabalho de produção, economias de escala, uniformidade, controle de qualidade padronizados e avaliações quantitativas e objetivas o que leva ao risco da mecanização, da padronização e institucionalização que implicarão, certamente em despersonalização.

As novas mídias trazem a promessa da diminuição destes riscos com seu potencial revolucionário de promoção do diálogo. Este diálogo permitiria superação da unidirecionalidade da comunicação existentes nos sistemas tradicionais de EAD. O canal de comunicação pode ser multidirecional. A distinção emissor/receptor é ultrapassada, pois todos estão aptos a passar a ser autores dos materiais que todos vão ter disponível. O material pode mesmo ser até cooperativamente produzido à distância. É até melhor parar de falar do material, nesse caso  haverão repositórios dinâmicos, muitas fontes de informação estão disponíveis. Uma determinada rede local pode estar ligada a várias outras, donde o material disponível aos participantes não se restringirá mais aqueles que os coordenadores prepararam.

Por isso vemos a possibilidade de estabelecer processos cooperativos e autônomos de aprendizado de baixo custo e grande eficiência a partir do que vem sendo chamadode comunidades virtuais de aprendizagem (virutal learning communities).

É claro que para isso há necessidade de vontade política, muitos apenas imaginam o uso das redes como uma forma de diminuição dos custos, com manutenção da estrutura autoritária. É óbvio que a vontade política é fundamental, mesmo no caso da utilização dos meios tradicionais de comunicação os canais multidirecionais poderiam ser viabilizados. Mas, no caso das redes de computadores, as dificuldades são menores, e abrangem desde a facilidade da administração do processo e os custos menores até o enfraquecimento do controle institucional.

No mundo todo estão sendo implantados processos de educação a distância. O Brasil precisa refletir a respeito, de forma a  bem investir os escassos recursos de que dispõe para educação e para o bem estar do seu povo.