NOVAS TÉCNICAS DE ENSINO DE ESTATÍSTICA


Ensinar Estatística é padecer no Paraíso...

Muitas gerações de estudantes se criaram amaldiçoando Estatística (e os professores de Estatística), perguntaram-se dezenas de vezes por que tinham que aprender conceitos de probabilidade, intervalos de confiança, testes de hipóteses, correlação, análise de variância, etc. Muitos destes estudantes nunca realmente compreenderam completamente estes conceitos, muitos desistiram de seus cursos por causa da Estatística... De quem é a culpa? Apenas dos pouco concentrados alunos que não se convenceram da importância da disciplina e não a estudaram com afinco? Dos professores?

Talvez o problema esteja na forma como a Estatística é ensinada: nos dias de hoje com a disponibilidade de microcomputadores e programas computacionais, que podem permitir uma interatividade muito maior, o velho método do "cuspe e giz" talvez tenha se tornado obsoleto. A carência de recursos para a educação superior no Brasil pode nos impedir de abandonar totalmente o método tradicional, mas não nos impede de agregar a ele outras metodologias que tornem mais simples e rápido o aprendizado de muitos conceitos.

Como professor de Estatística tenho interesse em todas as técnicas de ensino que permitam incrementar o aprendizado dos alunos de nível superior, notadamente aquelas que utilizam ferramentas computacionais:

Mas, mesmo estas novas ferramentas podem não resolver o problema se a filosofia de ensino (composta há MUITO tempo atrás, quando não se pesquisava o funcionamento do cérebro, ou o teste de Q.I. era considerado a única medida de inteligência) não for também modificada. Nós professores devemos buscar novas metodologias de ensino, e procurar entender como se dá o aprendizado.

É simplesmente utópico pensar que todas as pessoas aprendem da mesma maneira, e é simplesmente cruel afirmar que uma pessoa não aprende APENAS por que não estuda ou porque não é inteligente mesmo... Há vários estilos de aprendizagem, como podemos ver a seguir:
 

Percepção: Sensorial Intuitiva
Alimentação: Visual Auditiva
Organização: Indutiva Dedutiva
Processamento: Ativo Reflexivo
Compreensão: Seqüencial Global

Há pessoas que aprendem melhor simplesmente ouvindo (auditivas), outras precisam ver uma figura ou diagrama (visuais). Alguns preferem lidar com fatos, simulações (sensoriais), outros preferem princípios e teorias (intuitivos), alguns preferem partir do particular para o geral (indutivos) e outros do geral para o particular (dedutivos). Muitas pessoas precisam fazer algo com a informação no mundo exterior (ativas), e já outras preferem fazer um exame e manipulação introspectiva desta informação (reflexivas). E por fim, muitos indivíduos conseguem se adaptar muito bem ao ensino formal em que os conteúdos são apresentados passo a passo (seqüenciais), e após sua apresentação há verificações de aprendizagem. Mas, muitos indivíduos não se adaptam a este estilo, eles permanecem às vezes "perdidos" por muito tempo, até que ao ter uma noção global do conteúdo em questão conseguem compreendê-lo (globais).

Todos nós temos estas características, misturadas de várias maneiras, variando a ênfase de pessoa para a pessoa, e mesmo ao longo de nossas próprias vidas. O ensino tradicional desconsidera isso solenemente... Um professor, de qualquer disciplina (ainda mais se for Estatística) tem que procurar técnicas que permitam atingir a pelo menos a maioria dos estilos de aprendizagem, e neste sentido a utilização da informática pode ser um grande passo.

"Mas é necessário que as mentes mudem".


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