Universidade Federal de Santa Catarina

Disciplina: Informática Aplicada à Educação

3 Trimestre/1999

Aluna: Flávia Lumi Matuzawa

Síntese do livro: Educação como prática da liberdade

Autor: Paulo Freire

Como o próprio título do livro informa, Paulo Freire trata nessa obra da educação como prática da liberdade. Para chegar no ‘modelo’ de educação proposto, ele abrange toda a trajetória de história sócio-cultural do povo brasileiro para então justificar sua pedagogia libertadora.

Na sua obra, ele faz um panorama da sociedade brasileira da formação do povo desde a época da colonização. Como ele mesmo explica, os exploradores não se preocupavam em ‘colonizar’, apenas em explorar a terra. Assim, não havia a preocupação de se estabelecer uma relação de amizade entre os nativos da terra (e mais adiante, nem com os moradores e escravos). Além disso, toda a prática das relações naquela época se constituíam em um clima anti-diálogo: protecionismo dos senhores das grandes propriedades (fazendo e engenho) e aos moradores e escravos.

Aqui se encontra as "primeiras condições culturológicas em que nasceu e se desenvolveu no homem brasileiro o gosto, a um tempo de mandonismo e de dependência, de protecionismo" (p. 77), o poder exarcebado que associava a uma atitude de submissão ao invés da integração. Esses fatores contribuíam para formar uma sociedade sem prática democrática, sem convivência comunitária, sem criticidade e sem participação na solução de problemas comuns.

Com a queda do império, a chegada da corte no Brasil e o início da industrialização, o panorama brasileiro começava a se alterar e iniciava-se a experiência de participação buscando assim, a superação da inexperiência democrática em direção à participação. Porém, para se ter essa participação efetiva, seriam necessárias mudanças –características da democracia e civilização tecnológica – que caracterizavam em um descompasso com a rigidez mental que se encontravam os homens brasileiros.

Nesse cenário, a educação proposta por Paulo Freire deveria ser crítica e criticizadora, concentrada no desenvolvimento dos poderes intelectuais e que colocasse o homem em diálogo constante com o outro.

Através do diálogo (e não mais aula discursiva), o professor deixava de assumir sua posição de ‘dono do saber’ e passava a ser um coordenador de debates. Além disso, os alunos de atitudes passivas assumiam uma posição mais ativa, participando do grupo. E era isso que acontecia nos ‘círculos da cultura’, onde se procurava uma alfabetização ligada à democratização da cultura fazendo com que o homem tomasse sua posição no mundo e com o mundo de maneira crítica e que se caracterizasse como um ato de criação.

Através do diálogo se estabelecia uma relação de amizade entre os envolvidos, e estes compartilhavam de fé, esperança, problemas em comum. Existindo essa relação de afeto, os alfabetizandos compreendiam gradativamente as relações do mundo, suas inserções no mundo e assim, tendo subsídios para atuar, modificar, incorporar e se conhecer. Uma vez integrado no mundo, ele é capaz de se aperfeiçoar como homem crítico e não apenas aceitar passivamente o que lhe é imposto.