Educação e Informática - Reflexões básicas
Edla Maria Faust Ramos, Dra.
Artigo publicado na Revista Graf & Tec, nº0, Jul.1996
Síntese elaborada por
Marilei Silvano Batista
Mestranda do PPGEP da UFSC
Disciplina de Informática Aplicada à Educação
Neste artigo, a autora apresenta reflexões básicas sobre qual a perspectiva da incorporação da informática como uma ferramenta do processo educacional e como se dará essa incorporação.
Certamente o computador pode revolucionar a maneira de aprender e de ensinar, assim como todas as revoluções ocorridas no decorrer da história do homem, associadas ao surgimento de ferramentas que expandiram a sua capacidade de comunicação, expressão, bem como a sua capacidade de manipulação do mundo.
E, essa revolução envolve fatores políticos, econômicos e sociais. Pois, como toda revolução, gera profundas crises e desequilíbrios, gera pressão do poder econômico em busca de mercado consumidor e como o sistema educacional, muitas vezes é gerenciado por conservadores, cidadãos modelo, que preservam a ordem e consideram as propostas de mudanças com desconfiança, o uso das tecnologias computacionais na escola envolvem mudanças de valores em toda a sociedade.
Segundo a autora, a manifestação do uso da tecnologia é necessária, mas não é suficiente. Acredita-se que através do uso de ferramentas computacionais, o processo ensino e aprendizagem seria mais veloz e eficaz. Entretanto, apesar de nos últimos anos a quantidade de computadores usados em escolas tenha aumentado, e que quase 50% dos estudantes entre 3 e 17 anos usem-no regularmente tanto em casa como na escola, a eficiência no uso dessa ferramenta na educação e os benefícios de suas aplicações é questionável .
A criação de expectativas improváveis podem afetar o inovador, a partir do momento que este não vê retorno de seus investimentos, tornando-se oponente ao invés de defensor da inovação.
Por isso, a autora enfatiza a importância de saber usar essas ferramentas computacionais.
Além dos aspectos políticos, sociais e econômicos, ressaltados, quanto a utilização da tecnologia da informática no processo educativo, a autora evidencia, também, os aspectos pedagógicos, onde aborda a importância do aprendizado autônomo, buscando para sua explicação, as teorias de Piaget (epstemologia genética), Paulo Freire (a pedagogia do oprimido) e Francisco Varela e Humberto Maturana (sócio-biologia), mostrando a confluência existentes entre as três teorias, que seriam a visão sobre a relação sujeito-objeto e a forma como a consciência se constrói.
Para a autora, não há transformação sem crise e ansiedade, e a superação da crise só se dá a cooperação, de modo que autonomia não significa isolamento.
Porém as práticas pedagógicas atuais não contemplam estes preceitos, mas centram ênfase no treinamento, sendo que o treinamento é uma reflexão da teoria comportamentalista, que se fundamenta em massificação, uniformização, padronização e controle.
Esta forma de ensino pode ser reproduzida com as ferramentas computacionais, mas o objetivo não é este, e sim criar um novo paradigma educacional, com novas e ricas situações de aprendizagem.
Mas, na realidade o uso indevido do computador em sala de aula é maior do que se imagina. O mau preparo dos professores, a ausência de políticas educacionais que dêem apoio a projetos nessa área e o pouco desenvolvimento de pesquisas que visem a implementação sistemática dos meios computacionais no ensino, são fatores que contribuem para esse estado.
Thomas Dwyer divide as formas de aplicações da informática no processo educacional em dois grupos: Enfoque algorítmico, onde ocorre uma transmissão de conhecimento, do sujeito que mais sabe para o que menos sabe. E o enfoque heurístico, onde o aspecto mais importante é a aprendizagem experimental ou por descobrimento.
Para mim, este último enfoque, seria o melhor, senão o ideal, para se aplicar a informática no processo educacional sendo que nesse enfoque o aluno é o principal agente da aprendizagem e o professor é o orientador e facilitador.
Ramos enfatiza, também, a hipermídia como uma importante ferramenta de aprendizagem, na medida que esta apresenta amplas possibilidades de exploração perceptiva.
E como o objetivo do artigo é de fazer uma reflexão básica sobre o uso da informática no processo educacional, não poderia ficar de fora as perspectivas da educação à distância.
Neste item, a autora cita como vantagens do uso da educação à distância , o barateamento de custos; o atendimento a população diversificada; a individualização do processo de aprendizado; a disponibilização de especializações; o desenvolvimento da auto-disciplina e a promessa de democratização de ensino. E como desvantagens o risco de mecanização, padronização, institucionalização e consequentemente de despersonalização; uma maior identificação com o autoritarismo educacional e a falta de adaptação de materiais didáticos provenientes de locais e culturas diferentes.