Universidade Federal de Santa Catarina-UFSC Programa de Pós-Graduação em Engenharia da Produção-PPGEP Disciplina de Informática Aplicada na Educação Professora: Edla Maria Faust Ramos Mestrando: Marcos Roberto Rodrigues rmarcos@eps.ufsc.br

Síntese de Leitura sobre o livro "Tecnologias da Inteligência - O Futuro do Pensamento na Era da Informática" de Pierre Lévy

O autor apresenta a informática como ferramenta de base para a construção de uma sociedade possuidora de "uma inteligência coletiva", que se utiliza das tecnologias disponíveis para comunicar-se, trabalhar cooperativamente, utilizando-se de interfaces ditas "amigáveis" para esconder a camada tecnológica, tornando possível a sua utilização em massa.

O autor enfoca três grandes conceitos durante sua abordagem, sendo estas a utilização do hipertexto como é conhecido na informática para elaborar uma metáfora a respeito das interconexões existentes no conhecimento humano, os três chamados "tempos de expírito" descrevendo a importância da palavra desde a falada, passando pela escrita até a eletrônica na construção da memória das sociedades, e por fim apresentando a temática da construção de uma ecologia cognitiva, aonde a consciência e o pensamento faz parte da coletividade.

I - A Metáfora do Hipertexto

Tal qual a nossa mente, o hipertexto associa as informações de uma forma não linear, criando assim uma rede multi-dimensional de associações que representam o conhecimento, cada nó desta rede pode estar conectado a muitos outros nós, e sendo estes heterogêneos, podem conectar os mais diversos tipos de conhecimento representável, tal como textos, imagens e sons. A partir desta rede é possível organizar as informações, adquirí-las ou utilizá-la como um meio para estabelecer a comunicação, permitindo também o aprendizado por fatores como a sua não-linearidade, a constante evolução, a possibilidade de refinar as informações e fornecer significado a informação obtida, bem como a participação ativa do aluno.

As interfaces são artifícios criados para facilitar o acesso e uso das tecnologias disponíveis, de forma amigável, adaptadas às peculiaridades sensoriais e intelectuais do usuário, utilizando metáforas próximas do dia-a-dia dos mesmos. Para a construção destas interfaces é necessário estudar o usuário, seus hábitos, necessidades e limitações. Uma simples definição de interface pode ser dada como "O dispositivo que garante a comunicação entre dois sistemas informáticos distintos, ou entre o sistema e seus usuários".

O termo Groupware surgiu quando do interesse do trabalho colaborativo envolvendo grupos de pessoas, trabalho este que passou a ser suportado também por ferramentas informatizadas, estas ferramentas permitiam a comunicação entre os componentes deste grupo, auxiliando na evolução de discussões e escrita coletiva, bem como de uma rede constituída pela conversação, argumentação e a documentação envolvida, e que nos dias atual tira proveito de tecnologias como os hipertextos no desenrolar de suas atividades.

II - A Oralidade Primária a Escrita e a Informática

Desde muito tempo antes do surgimento da escrita, os povos procuravam manter sua história de alguma forma, seja ela  através dedesenhos ou contos passados de pai para filho de forma quea memória destas sociedades mantinham-se, ao menos por algum tempo. Este tempo pré-escrita refere-se à oralidade primária, aonde a palavra era a forma de transmissão da memória da coletividade estava fundada na memória de seus indivíduos. Após esta época os povos passaram a utilizar a escrita para a transmissão deste conhecimento, a qual persistia por mais tempo do que a memória dos indivíduos, passando por diversas gerações, chegando até os nossos dias.

A escrita sempre teve um papel fundamental nas sociedades que a utilizavam, pois através dela era possível registrar ou estabelecer uma comunicação sem a intervenção do ser humano, criando uma separação entre o emissor e o receptor da mensagem, tornando possível que a comunicação se estabeleça sem a presença de uma das partes.

A memória no indivíduo, tal qual em computadores, pode ser dividida, de uma forma simples, em duas partes: a memória de curto prazo, considerada a memória de trabalho, que se caracteriza pela volatilidade, e a memória de longo prazo, que utiliza representações e associações para o armazenamento e busca de informações.

Em um meio informatizado, existe uma temporalidade diferente à de outros recursos, pois o tempo passa a ser real, dinâmico, permitindo o envolvimento das partes, ações e reações dos indivíduos que interagem na comunicação. A simulação possibilita a avaliação de modelos, antecipando suas consequências, ou seja simulando o comportamento da vida real.

III - Rumo a uma ecologia cognitiva

O autor demonstra a idéia da formação de sociedades pensantes, compostas por homens e coisas interligadas através de uma grande rede cognitiva, suportada pela informática como facilitadora do processo de comunicação. Busca através de seu estudo a determinação das dimensões técnicas e coletivas da cognição, demonstrando as representações do conhecimento, sem focar nos procedimentos e nos processos de construção deste conhecimento. Os indivíduos que compõe esta rede não encontram-se mais separados. Sua coletividade cognitiva se organiza e se transforma pelo envolvimento destes indivíduos, enfim a consiência passa a ser parte do coletivo e nao mais exclusivamente do indivíduo que passa a se constituir pela interface entre o organismo, o ambiente e o próprio sistema cognitivo.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Lévy, Pierre. As tecnologias da Inteligência; tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro, Ed. 34,  1993.