INFORMÁTICA APLICADA À EDUCAÇÃO

Professora Edla Ramos

Disciplina oferecida ao CPGCC/UFSC no terceiro trimestre, 1999

Ernani José Schneider - Licenciado em Ed. Física

Mestrando - PPGEP/UFSC

Orientador: Álvaro R. Lezana

sjernani@eps.ufsc.br

Síntese apresentada para discussão e publicação em URL da disciplina

Texto base: PIAGET, VYGOTSKY E WALLON

                  Teorias psicogenéticas em discussão

Autores: Yves de La Taille, Marta Kohl de Oliveira e Heloysa Dantas

Editora: Summus Editorial (São Paulo) 1992.

Três perguntas a Piagetianos, Vygotskianos e Wallonianos

(Diz o autor que uma teoria não vive apenas dos textos do autor, estando sujeita a interpretações e das inspirações que provocam além de ter como tarefa ir além da sua compreensão, criando apartir destas)

FORMA DE APRESENTAÇÃO DO TEXTO

Perguntas

Perspectiva Piagetiana

Perspectiva Vyotskiana

Perspectiva Walloniana

UNIVERSALIDADE

- As teorias admitem a presença de fenômenos universais?

- Quais os fenômenos e como se explica a existência destes?

(devemos entender por universal o que se encontra em todos, e não apenas na maioria) Perguntas pessoais - É possível aplicar a totalidade dos seres ou situações? As teorias são provisórias? Tem estabilidade? Segundo YVES,

PERSPECTIVA PIAGETIANA

Segundo YVES,

- A teoria busca a universalidade

- O objeto de estudo é o sujeito epistêmico ou sujeito do conhecimento

- Por detrás da construção do conhecimento, variando de cultura para cultura, há mecanismos comuns e portanto universais

- Através da explicação dos mecanismos é que devemos compreender a universalidade desta teoria

- Caminhar rumo ao equilíbrio é característico à todos seja qual for o sexo, idade ou cultura

- O desenvolvimento cognitivo acontece através das informações vindas do meio e pela passagem dos estágios de desenvolvimento

- A reversibilidade é construída pelo sujeito explicado pelos mecanismos de regulação e compensação, buscando o equilíbrio

- Abstração reflexiva e generalização construtiva descreve como o sujeito constrói novos conhecimentos atingindo o equilíbrio majorante

* A construção do conhecimento se processa de forma semelhante nos seres humanos possuindo graus de independência em relação as variáveis sócio-históricas.

PERSPECTIVA VYGOTSKIANA

Segundo MARTA,

- Esta teoria parece avessa a universalidade

- Mas trata de dois postulados básicos:

1. A pertinência do homem a espécie humana (ex: cérebro)

2. Importância do fator cultural, não existe dissociado da cultura (ex: linguagem e o papel da cultura)

- O estudo do particular é sempre um passo para a compreensão universal

- A autora também coloca que não está claro como passaremos das descrições e explicações do específico para a reconstrução do caminho da generalização.

PERSPECTIVA WALLONIANA

Segundo HELOYSA,

- A universalidade do sujeito opõe-se a autonomia do sujeito

- Nos processos cognitivos a universalidade fica afastada pois é a-histórica

- Apenas em outra dimensão do psiquismo, a afetividade, fica mais próximo das determinações do organismo e tem a mesma universalidade que este

- Esta concepção hierarquiza o cérebro onde as funções subcorticais são mais rígidas e as corticais tem espaço maior de indeterminações. Quanto mais complexa , mais indeterminada e maior o espaço

- Desta forma as funções psíquicas mais primitivas são biologicamente mais determinadas e portanto mais universais.

AUTONOMIA DO SUJEITO

- Qual a medida da autonomia reservada pela teoria em questão?

- Os mecanismos da autonomia são do sujeito?

- São introjetadas?

- Como permite ao sujeito ser independente?

- Quando permite?

"O período do iluminismo, seguindo caminho já aberto pelo renascimento, estabeleceu a autonomia do homem, autonomia esta possível pelo emprego da razão"

Perguntas pessoais

- Que tipo de autonomia?

- Que razão?

- O social está explicando o indivíduo?

PERSPECTIVA PIAGETIANA

- A teoria afirma com veemência a autonomia do sujeito

- Encontra-se autonomia relacionada a Piaget em dois domínios relacionados à razão:

1. Construção da razão - para a episteme genética o pensamento racional é fruto da abstração reflexiva (do esforço do sujeito para pensar seu pensar e agir) elaboração de novas formas de pensar e novos conhecimentos

2. Construção da função da razão - através do uso da razão o sujeito pode estabelecer certezas, liberando-se das imposições, buscando autonomia intelectual e moral, opondo-se não apenas por contradição as "autoridades" postas

- Há algumas condições para a autonomia: Ter o indivíduo oportunidade de usufruir as relações sociais de cooperação, não sofrendo coerção, onde autoritarismo e totalitarismo não existam.

PERSPECTIVA VYGOTSKIANA

A autora evoca 3 elementos da teoria:

1. A relação do indivíduo com sua cultura, onde este deve recriar, repensar, reinterpretar os conceitos, informações e significados

2. A trajetória é particular de cada indivíduo, onde os processos e experiências vividas são específicos para cada sujeito

3. A natureza das funções psicológicas superiores, que são os processos voluntários, ações conscientemente controladas, mecanismos intencionais

- Cada indivíduo é único e por meio dos processos psicológicos constrói seus significados e recria sua cultura

- Interioriza formas de funcionamento psicológico, tomando posse, tornando suas e utiliza como instrumento pessoais de pensamento e ação de mundo.

PERSPECTIVA WALONIANA

- O sujeito é o núcleo da teoria, e esta é uma psicogênese da pessoa (sujeito)

- O sujeito individual é precedido por um organismo permitindo abrir possibilidades e ou impondo limites, antecedido por culturas que estruturam sua consciência

- Há limite para a autonomia, colocado pela biologia e pela história humana

- Na cultura particular pode até certo ponto transcendê-la pelo acesso a outras culturas

- "na oposição ao outro e a seus produtos o sujeito simultaneamente se constrói e se liberta".

FALSEABILIDADE

- O que poderia não explicar o fenômeno observado?

- O que deixaria em contradição a teoria, necessitando reformulação?

PERSPECTIVA PIAGETIANA

- A precocidade ou o atraso do período de desenvolvimento surpreenderiam? Sem duvida. Observado a história de vida do sujeito é plausível ( se acontecesse poderíamos dizer que a teoria está incompleta e não falsa)

- O ponto que a autora escolhe é a universalidade, segundo a qual a inteligência caminha para o equilíbrio:

1. Centro da inspiração biológica

2. Polo onde tomam sentido os conceitos de regulação, compensação, afirmação e negação

3. A explicação de estruturas mentais

4. Explicação da seqüência dos estágios

- O que invalidaria a noção de equilíbrio? O CAOS, a desordem

(A teoria Piagetiana é uma teoria da forma, e o caos seria a vitória do conteúdo sobre a forma)

PERSPECTIVA VYGOTSKIANA

Uma experiência da autora com o processo de alfabetização a surpreendeu pois ela esperava encontrar maior incorporação do instrumental letrado disponível no ambiente em que este vive e processos metacognitivos mais claros na aquisição das habilidades de leitura e escrita, abrindo um campo de estudo dentro das dimensões fundamentais das proposições de Vygotsky: o processo de internalização pelo indivíduo e a relação entre a aquisição de funções psicológicas e o controle consciente sobre essas mesmas funções.

PERSPECTIVA WALLONIANA

- Toda verdade é histórica e portanto provisória e relativa, contribuindo para o resído histórico do qual resulta o conhecimento

- Para esta teoria a pergunta fundamental é sobre a formação da pessoa completa, concreta, investigada em seu organismo biológico e ambientação social

- A teoria Walloniana da emoção poderia ser desmentida se ocorresse variações emocionais sem variações tônicas, ou pela presença maior de comportamentos cognitivos do que afetivos na primeira fase de desenvolvimento humano, ou pela presença de conceitos e procedimentos mentais bem diferenciados (5 anos de idade) ou ainda ausência de comportamentos de oposição e afirmação entre 2 e 4 anos.

ERNANI JOSÉ SCHNEIDER