DISCIPLINA: INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

Resumo do Livro: O QUE É VIRTUAL? - Pierre Lévy

ALUNA: Ana Lucia Alexandre de Oliveira Zandomeneghi

O QUE É VIRTUAL?

Neste livro Lévy nos mostra a virtualização, não apenas na informação e na comunicação mas também, a aplicação do virtual no organismo humano, no sistema econômico, como parte constituinte do coletivo de uma sociedade.

É proposto um desafio de definir a virtualização em três aspectos o filosófico, que diz respeito a conceitualização do que é Virtual, antropológico - relacionar o processo de hominização e a virtualização, e sócio-político - compreender a transformação para poder atuar nela.

"Certamente nunca antes as mudanças das técnicas, da economia e dos costumes foram tão rápidas e desestabilizantes.

... A virtualização não é nem boa, nem má, nem neutra. ... Antes de temê-la, condená-la ou lançar-se às cegas, proponho que se faça um esforço de aprender, de pensar, de compreender em toda a sua amplitude a virtualização."

1. O Virtual Quanto ao seu Aspecto Filosófico.

Na definição do virtual o autor nos mostra os principais conceitos de realidade, de possibilidades, de atualização e de virtualização e as diferentes transformações de um modo de ser em outro.

· Realidade- está relacionado ao real, que supõe uma efetuação material, uma presença tangível.

· Possibilidade- o possível - é exatamente igual ao real só lhe falta a existência. "A realização de um possível não é a uma criação, pois uma criação pode implicar numa produção inovadora de uma idéia ou de uma forma. A diferença entre real e possível é uma questão de lógica."

· Virtual - No uso corrente é utilizada para significar ausência da existência. Uma ilusão. O virtual não se opõe ao real e sim ao atual, o estático e já constituído; o virtual é um complexo problemático, nó de tendências ou forças que acompanham uma situação, um acontecimento, um objeto ou uma entidade qualquer e que chama um processo de atualização. Os projetos que o animam, as questões que o movem, são uma parte essencial de sua determinação.

· Atualização - é a resolução de um problema que não estava contida no enunciado. Ela é a criação, invenção de uma forma a partir de uma configuração dinâmica de forças e de finalidades. Uma transformação das idéias um verdadeiro devir que alimenta de volta o virtual.

· Virtualização - pode ser considerada como um movimento inverso a atualização. Não é uma desrealização, mas uma mutação de identidade, consiste em descobrir uma questão geral a qual ela pertence, é redefinir a atualidade de partida como resposta a uma questão particular. Se a virtualização fosse apenas a passagem de uma realidade a um conjunto de possíveis, seria desrealizante. Ela implica a mesma quantidade de irreversibilidade nos seus efeitos, de determinação em seu processo e de invenção em seu esforço quanto a atualização. A virtualização é um dos principais vetores da criação de realidade.

2. O Virtual Quanto ao Seu Aspecto Antropológico

No que diz respeito a esse aspecto o autor procura relacionar o processo de hominização e a virtualização através de três vertentes: O Corpo, O texto e A Economia.

· O Corpo- a virtualização do corpo incita às viagens e a todas as trocas. Os transplantes criam uma grande circulação de órgãos entre os corpos humanos, entre seres vivos e mortos. Os implantes e as próteses ultrapassam as fronteiras entre o que é mineral e o que está vivo. Córneas, espermas, óvulos, embriões, sangue podem ser socializados e preservados em bancos especiais. Criando uma grande rede entre os componentes econômicos, tecnológicos e médicos.

· O Texto - desde a sua origem o texto é um objeto virtual, abstrato, independente de um suporte específico. Essa entidade virtual atualiza-se, em múltiplas versões, traduções, edições, exemplares e cópias. As passagens do texto mantêm entre si virtualmente uma correspondência, como carteiros do texto, viajamos de uma margem à outra do espaço do sentido que o autor, o editor e o tipógrafo balizaram. O espaço do sentido não preexiste à leitura. É ao percorrê-lo que o fabricamos, que o atualizamos. O aparecimento da escrita acelerou um processo de artificialização, de exteriorização e de virtualização da memoria que certamente começou com a hominização. O ato de ler é uma atualização das significações de um texto, atualização e não realização, a interpretação não elimina a criação. Com o computador surge uma nova forma de leitura , a tela informática é uma nova máquina de ler, e com ele surge os hipertextos com espaço de percursos de leitura possíveis, o leitor participa assim da redação ou pelo menos da edição do texto que lê, uma vez que ele determina sua organização final. Nessa nova forma de leitura ele deixa de ser carteiro e passa a ser navegador de texto.

· A Economia - à virtualização da economia , os bancos de dados on line, sistemas especialistas e outros instrumentos informáticos tornaram mais transparentes o raciocínio do mercado. As finanças internacionais desenvolvem-se em estreita simbiose com as redes e tecnologia de suporte digital. A economia contemporânea é considerada uma economia da desterritorialização ou da virtualização. O setor financeiro, coração pulsante da economia mundial, é uma das atividades mais características da escalada da virtualização. De maneira geral a primazia crescente da economia monetária e dos imperativos financeiros é uma das manifestações mais notáveis da virtualização em curso. A letra de câmbio faz circular um reconhecimento de dívida de uma moeda a outra e de uma pessoa a outra, o contrato de seguro mutualiza os riscos, a sociedade por ações elaborada a propriedade e o investimento coletivo. Outras tantas invenções que prolongam as da moeda e que acentuam a virtualização da economia. Dentro da virtualização da economia encontramos os setores da virtualização do turismo, das comunicações e das finanças.

3. O Virtual Quanto ao Seu Aspecto Sócio- Político

Até bem pouco tempo atrás, as pessoas praticavam no final de sua carreira profissional as competências que haviam adquiridas na sua juventude. Transmitiam saberes quase inalterado aos seus filhos ou aprendizes. Atualmente as pessoas não apenas são levadas a mudar várias vezes de profissão em sua vida ou atualizá-la, os conhecimentos têm um ciclo de renovação cada vez mais curto. Novas técnicas ou novas configurações sócio-economicas podem surgir a todo momento recolocando em questão a ordem e a importância dos conhecimentos.

A informação e o conhecimento na virtualização passam a configurar a principal fonte de produção de riqueza. A aplicação de saberes estáveis da lugar à navegação de conhecimentos novos. Não existe apenas uma casta de especialistas, mas uma grande massa de pessoas que são levadas a aprender, transmitir e produzir conhecimentos de maneira cooperativa em sua atividade cotidiana.

Surgem duas leis que tomam pelo avesso os conceitos e os raciocínios econômicos clássicos: consumi-los não os destrói, cedê-los não significa que sejam perdidos.

Os produtos e serviços mais valorizados no novo mercado, virtual, são interativos, transformado o consumidor em co-produtor de mercadorias ou serviços. Assim como a virtualização do texto permite uma crescente indistinção dos papeis do leitor e do autor, a virtualização do mercado põe em cena a mistura do consumo e da produção.

Na virtualização sujeito e objeto não são considerados substancias e sim nós flutuantes de acontecimentos que se interfaceiam e se envolvem reciprocamente.

4. Considerações Finais

No transcorrer dos capítulos do livro o autor procura mostrar que o processo de virtualização não é um fenômeno recente. No desenvolvimento da linguagem, da técnica e das instituições sociais complexas, a espécie humana se constitui na e pela virtualização.

O real, o possível, o atual e o virtual são complementares, o possível e o virtual possuem um traço comum, são latentes e não manifestos anunciam um futuro. Ao contrário, o real e atual oferecem claramente uma presença.

A virtualização é a dinâmica do mundo comum, que possibilita compartilhar uma realidade. No virtual o modo de existência tanto faz surgir verdades como mentiras. Verdade e falsidade são indissociáveis de enunciados articulados, cada enunciado subentende uma questão.

A força e a velocidade da virtualização contemporânea são intensas e exilam as pessoas de seus próprios saberes, expulsam-nas de sua identidade, de sua profissão, de seu país, transformando-as em imigrados da subjetividade.

Como viver a era virtual sem provocar uma catástrofe?

Lévy sugere que se tente acompanhar e dar sentido a virtualização inventando uma nova arte da hospitalidade. A mais alta moral dos nômades deve torna-se neste momento de grande desterritorialização, uma nova dimensão estética, o próprio traço da criação. A arte, a filosofia, a política e a tecnologia deve impor uma virtualização requalificante, inclusiva e hospitaleira, opondo-se à virtualização que exclui e desqualifica.