1 INTRODUÇÃO
Este capítulo contempla o tema, o problema de pesquisa e os objetivos, geral e específicos do presente estudo. Além disso, a justificativa teórico-prática deste trabalho, bem como a organização do estudo.
Este trabalho está estruturado em seis capítulos.
No primeiro capítulo é apresentada a introdução, na qual procura-se dar importância ao ensino oferecido pelo Curso de Ciências Contábeis ao seu corpo discente. Posteriormente contempla o tema, o problema de pesquisa e os objetivos geral e específicos e evidencia a justificativa teórico-prática deste trabalho e a organização do mesmo.
No segundo capítulo é dada a ênfase para a revisão da literatura, para a fundamentação teórico-empírica, assim explicitada: A origem da Contabilidade; o ensino da Contabilidade no Brasil; o Curso de Ciências Contábeis; a contabilidade e o contador; mercado de trabalho do Contador; foco no cliente; a contabilidade na visão dos egressos; a contabilidade na visão dos dirigentes empresariais; o ensino na visão dos professores e profissionais da contabilidade.
No terceiro capítulo é apresentada a metodologia que foi adotada para o presente trabalho, onde constam: as perguntas de pesquisa, caracterização da pesquisa, populações, procedimentos de coleta e análise de dados, limitações e definições de termos.
No quarto capítulo é apresentada a análise de dados, onde se dá uma visão das características das populações envolvidas, o município de Santa Maria-RS; a Universidade Federal de Santa Maria e o histórico do Curso de Ciências Contábeis da UFSM, as necessidades do mercado, adequação do Curso de Ciências Contábeis, principais fatores que influenciaram a escolha do Curso, avaliação didático-pedagógica e da infra-estrutura do Curso. Todos esses itens são analisados tendo-se a opinião e a visão dos respondentes, seguidos sempre de uma análise comparativa.
No quinto capítulo, apresentam-se os resultados da pesquisa na opinião dos respondentes.
Encerrando o trabalho, são apresentadas algumas recomendações, baseadas nas informações que se obteve do estudo e que devem servir de subsídios ao Curso e demais órgãos competentes, visando contribuir para a melhoria da formação do Contador e sua melhor adaptação às necessidades do mercado.
1.1
Tema e problema de pesquisa
O mercado de trabalho está passando por profundas transformações neste final de século XX. O mesmo ocorre na Ciência da Contabilidade, nascida nos primeiros anos do século XIX, de tal forma progrediu, que se pode inferir sobre sérias mudanças em sua estrutura para os próximos anos do século XXI.
O mundo está cada vez mais instável, cheio de novos valores, paradigmas, comportamentos e mudanças. As organizações estão em pleno processo de aculturação para um novo ambiente de negócios, um novo contexto social e um novo mundo.
Vive-se uma era de incertezas. A única certeza que dá para se ter é que, daqui para a frente, tende a haver mudança contínua. Portanto, a necessidade de gerenciar as mudanças contínuas que os próximos anos reservam, é o maior desafio que se apresenta aos profissionais responsáveis pela contabilidade das empresas.
Em paralelo a isso tudo, o perfil do profissional Contador está se modificando agressivamente em todos os níveis. As empresas hoje buscam um diferencial e fará a diferença o Contador que souber agregar valor ao seu produto, investindo na prestação de serviços eficientes e tornando-se um colaborador proativo na orientação, na solução, no planejamento e no controle empresarial.
A Universidade é a principal organização que deve preparar os profissionais do futuro. Precisa estar atenta às transformações, às mudanças que ocorrem no ambiente em que está inserida e ajustar-se para a habilitação de indivíduos que tenham capacidade de serem os promotores das mudanças no amanhã.
Para Morosini (1992, p. 7),
A
Universidade é uma Instituição de Ensino Superior que compreende um conjunto de
unidades destinadas à formação de recursos humanos qualificados para o
desempenho em tarefas profissionais; a criação e adaptação de conhecimento,
visando ao desenvolvimento educacional, cultural, científico, tecnológico e
social da população.
Pela exposição, o autor enfatiza que as Universidades tentam dar um sentido mais direcionado às suas funções de preservar o saber, transmitir o saber e criar o saber.
Já para Juliatto apud Cosenza, (1999, p. 1),
"as
universidades existem para servir à sociedade ...... é do melhor bom senso que
elas prestem contas de seu desempenho à sociedade que as mantém. A seriedade do
seu desempenho precisa ficar evidenciada".
O Ensino Superior no Brasil, segundo Schuch (1998, p.115), custou muito a nascer e, quando nasceu, não era propriamente uma universidade. Assim, a universidade foi criada já sendo necessário ser reformada.
No dizer de Chagas (1967), teve-se a instituição mas não se possuía a universidade, a qual, não passou de uma formalidade burocrática que reunia as escolas profissionais existentes, sem alterar em nada sua estrutura original.
A Universidade tem sofrido sérias críticas, tanto internamente, configuradas num significativo movimento dos três segmentos, professores, alunos e funcionários, e também por parte de alguns segmentos da sociedade. Isso é veiculado pela grande imprensa e, principalmente, pelo governo que vê, na privatização ou adoção de critérios empresariais de gestão e no ensino pago, segundo muito de seus agentes, a forma de mudar e, principalmente, ficar livre dessa instituição por considerá-la ineficiente e onerosa.
Nota-se que ao longo dos anos, o ensino superior no Brasil vem sendo sucateado em nome da democratização de oportunidades. Prédios, laboratórios, equipamentos e, principalmente, professores foram improvisados para que se tivesse um número maior de cursos e vagas.
Outro aspecto comum de interesse para a Universidade e para a empresa, é o relacionamento com o mercado de técnicos de nível superior considerado, um problema do scientific management, como afirmou Lucas Lopes apud Holloman (1971, p. 68):
Não é
apenas uma análise de mercado em que se investiga a demanda de certos tipos de
técnicos de nível superior, em face da tendência de sua absorção pela empresa
ou por outras instituições. É também um problema de planejamento da
Universidade, em termos de investimento de expansão de cursos, de renovação de
currículos, de ajustamento dinâmico de sua oferta para cobrir as mutações da
demanda. Ela deve se preparar para oferecer ao mercado algo mais do que ele
está acostumado a demandar porque este será
um dos resultados de suas atividades de pesquisa e inovação científica e
tecnológica.
A educação nunca foi levada devidamente a sério nem pela sociedade e, tampouco, pelo governo brasileiro. As universidades, e o saber, mesmo saber aplicado, jamais na história, receberam da sociedade e dos poderes públicos uma forma de atuação continuada. A educação é e sempre foi cara. Educação é um investimento muito elevado, sujeito, em nosso país, a cortes orçamentários, arbitrários, irresponsáveis e intempestivos por parte do poder público.
No ensino da contabilidade, a situação é semelhante. Iudícibus e Marion (1986) levantaram os seguintes questionamentos em relação ao ensino da Contabilidade nos Cursos de Ciências Contábeis: Será que as escolas de Contabilidade estão cumprindo sua função de adequar o ensino às exigências do campo de avanço profissional contábil? - essas escolas estão se esmerando nos currículos, laboratório de ensino, pesquisas, professores, metodologia de ensino, material didático e de apoio etc. com o objetivo de melhorar o nível de ensino?
Ainda Iudícibus e Marion (1986, p.51-53) acham que a situação é muito difícil e levantaram como principais falhas do ensino de Contabilidade os seguintes itens: a) falta de adequação do currículo; b) falta de um programa bem definido para a prática contábil; c) falta de preparo do corpo docente; d) deficiência na metodologia do ensino da Contabilidade Introdutória; e) proliferação das instituições de ensino e órgãos de classe; f) falta de exame de suficiência de âmbito nacional para o exercício da profissão.
O presente trabalho busca avaliar a formação do profissional Contador no Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM, em relação às expectativas do mercado de trabalho, isto é, dos egressos dirigentes de empresas, professores do Departamento de Contabilidade e alunos formandos do Curso.
A formação do Contador, nesta pesquisa, contempla a qualificação dos professores de contabilidade, a opinião dos egressos, dirigentes de empresas e alunos formandos de dezembro de 2000, bem como outras atividades pertinentes ao referido ensino.
Nesse sentido, a presente pesquisa tenciona responder ao seguinte problema:
Quais
as relações existentes entre o ensino de graduação no Curso de Ciências
Contábeis da Universidade Federal de Santa Maria e as necessidades de mercado
de trabalho ?
1.2
Objetivos
O presente estudo tem por objetivo geral verificar a adequação do ensino em nível de graduação, proporcionado pelo Curso de Ciências Contábeis, da Universidade Federal de Santa Maria, às necessidades do mercado de trabalho.
Em termos específicos pretende-se:
a) identificar e analisar as necessidades do mercado de Santa Maria-RS., em termos de formação acadêmico-profissional, para o exercício da profissão do Contador, na visão de dirigentes empresariais, dos egressos, formandos e professores do Departamento de Contabilidade;
b) identificar e analisar os fatores que influenciam a escolha do Curso de Ciências Contábeis da UFSM na visão dos seus egressos e formandos;
c) identificar e analisar a adequação das disciplinas do Curso de Ciências Contábeis às necessidades do mercado, na visão dos egressos, formandos e professores do Departamento de Contabilidade;
d) identificar e analisar os fatores didático-pedagógicos do Curso de Ciências Contábeis da UFSM na visão dos egressos, formandos e professores do Departamento de Contabilidade;
e) identificar e analisar a qualidade da infra-estrutura do Curso de Ciências Contábeis na visão dos egressos, formandos e professores do Departamento de Contabilidade.
1.3 Justificativa
Justifica-se a escolha da presente pesquisa devido ao fato de o ensino superior, tanto no Brasil como em termos mundiais, estar sofrendo enormes modificações que deverão afetar não somente seu regime jurídico e administrativo e sua composição, como principalmente seus processos científico-didáticos. Neste último aspecto, a Universidade precisa crescer muito, se deseja adequar-se às novas atribuições que lhe são conferidas pelas novas situações sócio-culturais e econômicas, pois à Universidade cabe a responsabilidade do organismo social do saber, deve responder às necessidades da sociedade em que está inserida.
A
sociedade atual está mais exigente e requer que as Universidades acompanhem as
exigências e as necessidades econômicas do mercado de trabalho. Isso as fará
reformular-se e assumir novas funções, deixando de lado a função conservadora e
a transmissão do patrimônio cultural do passado, embora seja necessário ao
conhecimento cultural.
Assim sendo, o mercado busca o profissional
com uma formação diferenciada, obrigando os Cursos Superiores a adotarem uma
nova postura educacional na formação dos jovens universitários.
Neste momento é que o marketing educacional torna-se um poderoso diferencial entre os cursos que buscam o sucesso. Modernamente, entende-se marketing como um esforço contínuo e planejado para satisfazer as necessidades das pessoas, proporcionando um melhor padrão de vida. Tudo isso dentro de um processo de avaliação das oportunidades do ensino, que englobam todas as atividades dirigidas à estimulação e mudança do comportamento da sociedade, aliado à responsabilidade da Instituição pelo produto que forma e pelo ensino que oferece a esta mesma sociedade.
Na prática, é fundamental que o marketing reconheça as necessidades e desejos da sociedade, como um todo, e do mercado, de forma particular. Estas necessidades podem ser encontradas, através de pesquisas, junto ao público alvo, para o caso deste trabalho específico: alunos egressos do Curso de Ciências Contábeios e a comunidade.
As colocações anteriores nos levam optar em realizar um estudo de avaliação na área de educação que possa contribuir para o ensino da Contabilidade e para a formação do profissional Contador, a fim de acompanhar o desenvolvimento econômico-social.
Nesse sentido, cabe investigar qual o papel do Contador nesta virada de século, quais os conhecimentos que ele deverá ter, de que forma precisa ser reciclado, para se preparar para esses desafios, que habilidades lhe serão exigidas, num meio ambiente tão tumultuado e competitivo, e ainda qual a imagem que a sociedade tem desse Contador. Dentro dessas perspectivas far-se-á uma análise do ensino na formação, e do ambiente do mercado de trabalho do Contador.
Assemelha-se este estudo ao de uma empresa ao lançar um produto: procura avaliar o mercado consumidor onde pretende inseri-lo e depois verifica se o mesmo tem condições de atender a esse mercado. Isso proporcionará aos consumidores a procura de um produto que possa satisfazê-los, no caso, o da própria empresa.
Favarin (1994) entende que a formação de um profissional capacitado que atende às exigências do mercado, exigirá do educador não apenas conhecimentos técnicos e metodológicos da Contabilidade, mas conhecimento da ciência contábil como um todo, para poder passar ao educando a visão crítica da responsabilidade que a profissão encerra. O professor precisa compreender que, ao Contador de nível superior, é preciso saber o porquê fazer e como reconhecer o efeito dos fatos sobre o patrimônio.
É fácil entender que a Universidade é o local adequado para a construção do conhecimento para a formação de competência humana. É necessário avaliar os egressos do Curso de Ciências Contábeis para se ter um feed back daqueles que a instituição lançou no mercado, bem como a visão dos dirigentes de empresas, com a finalidade de contribuírem para a melhoria do ensino e que possibilite uma formação mais próxima e adequada que o mercado requer do profissional Contador.
Justifica-se a presente pesquisa como uma contribuição a mais no sentido de repensar o ensino da Contabilidade e a formação do Contador, em face das mudanças e transformações que absorvem com as novas tecnologias disponíveis associadas a estilos gerenciais coerentes e com os novos rumos da sociedade do futuro.